As bolinhas que nascem nas orquídeas, frequentemente observadas ao longo do caule ou das hastes, são uma manifestação de novos brotos que podem dar origem a flores ou novas plantas.
Esses brotos são conhecidos como keikis, um termo derivado da palavra havaiana que significa “bebê” ou “criança”. Os keikis são uma maneira natural e fascinante das orquídeas se propagarem, e sua presença pode ser um sinal de que a planta está saudável e pronta para se reproduzir. No entanto, entender o que são esses brotos, como se desenvolvem e como cuidar deles adequadamente é essencial para garantir que a planta se mantenha saudável e que esses keikis cresçam de forma adequada.
As orquídeas são plantas epífitas, ou seja, muitas delas crescem sobre outras plantas, especialmente árvores, nas florestas tropicais. Isso significa que, ao contrário de plantas comuns que crescem diretamente no solo, as orquídeas utilizam suas raízes aéreas para se fixarem em superfícies e absorver umidade e nutrientes do ambiente. Quando uma orquídea começa a produzir keikis, ela está essencialmente utilizando uma estratégia de reprodução vegetativa, criando uma nova planta idêntica à original. Essas pequenas “bolinhas” que surgem nas hastes podem eventualmente se desenvolver em uma planta completamente independente, que poderá ser transplantada e cultivada por conta própria.
Existem dois tipos principais de keikis que podem aparecer nas orquídeas: o keiki basal e o keiki apical. O keiki basal surge na base da planta, nascendo próximo às raízes originais. Já o keiki apical aparece ao longo das hastes florais, geralmente nos nós, onde a planta anteriormente produziu flores. Ambos os tipos de keikis têm o potencial de se desenvolver em plantas completamente independentes, mas seu surgimento geralmente é resultado de condições específicas, como umidade elevada, excesso de nutrientes ou a ação de hormônios vegetais. Algumas espécies de orquídeas, como a Phalaenopsis, são particularmente conhecidas por produzirem keikis com frequência.
A presença de um keiki é uma oportunidade única para propagar sua orquídea. No entanto, é importante saber quando e como separá-lo da planta-mãe. Um erro comum é tentar remover o keiki muito cedo, o que pode prejudicar seu desenvolvimento. Para que o keiki esteja pronto para ser transplantado, ele precisa ter desenvolvido suas próprias raízes, que devem ter pelo menos 5 cm de comprimento. Isso garante que o broto já tenha a capacidade de absorver água e nutrientes de forma independente. O processo de separação envolve cortar o keiki com cuidado, utilizando uma tesoura esterilizada, e replantá-lo em um vaso adequado com substrato específico para orquídeas.
Os cuidados com o keiki após o transplante são fundamentais para garantir que ele cresça de maneira saudável. O keiki deve ser plantado em um substrato adequado para orquídeas, que normalmente consiste em casca de pinus ou fibra de coco, materiais que proporcionam boa drenagem e aeração para as raízes. A umidade também é crucial para o sucesso do transplante. As orquídeas são plantas que gostam de um ambiente úmido, mas nunca encharcado. Portanto, é importante regar o keiki regularmente, mas sempre garantindo que o excesso de água seja escoado, para evitar o apodrecimento das raízes. Um local com luz indireta também é ideal, já que a exposição direta ao sol pode queimar as folhas delicadas.
A produção de keikis pode ocorrer naturalmente, mas também pode ser estimulada através do uso de hormônios vegetais. Existem produtos no mercado, como pastas hormonais, que são aplicados nos nós da haste floral para incentivar o surgimento de keikis. Esses produtos contêm hormônios, como a citocinina, que estimulam o crescimento de novos brotos. Essa técnica é especialmente útil para os cultivadores que desejam propagar suas orquídeas mais rapidamente, ou para aqueles que têm plantas que não estão produzindo keikis de forma natural. No entanto, é importante seguir as instruções com cuidado, pois o uso inadequado de hormônios pode prejudicar a planta.
Além dos keikis, as “bolinhas” que nascem nas orquídeas podem ser confundidas com os pseudobulbos, estruturas de reserva de água e nutrientes que são comuns em algumas espécies de orquídeas, como as Cattleya. Os pseudobulbos não são brotos, mas desempenham um papel crucial na sobrevivência da planta, especialmente em períodos de seca. Eles armazenam água e nutrientes, permitindo que a orquídea sobreviva em condições adversas. É importante não confundir essas estruturas com os keikis, pois os pseudobulbos não se desenvolvem em novas plantas, mas sim ajudam a planta principal a se manter saudável.
Outro ponto importante é o papel das condições ambientais no desenvolvimento dos keikis. Fatores como a iluminação, a umidade e a temperatura podem influenciar diretamente na produção desses brotos. Orquídeas que recebem a quantidade ideal de luz, umidade controlada e temperaturas adequadas tendem a produzir keikis com mais facilidade. Por outro lado, o estresse causado por condições adversas também pode estimular o surgimento de keikis, como uma forma de a planta garantir sua perpetuação. Portanto, o aparecimento de keikis pode ser tanto um sinal de que a planta está saudável quanto uma resposta a condições de estresse.
Em resumo, as bolinhas que nascem nas orquídeas são brotos, chamados keikis, que têm o potencial de se transformar em novas plantas. Essas pequenas estruturas são uma forma de reprodução vegetativa e podem ser separadas da planta-mãe quando estiverem maduras o suficiente para crescer por conta própria. Cuidar dos keikis requer paciência, atenção às necessidades da planta e um ambiente adequado para seu desenvolvimento. Além disso, o surgimento de keikis pode ser incentivado com o uso de hormônios ou através de cuidados adequados com a planta. Para os amantes de orquídeas, aprender a lidar com esses brotos é uma oportunidade de multiplicar suas plantas e enriquecer seu jardim.