As orquídeas são flores que há muito tempo cativam a imaginação de muitos, sendo admiradas tanto por sua beleza exótica quanto pelo mistério que as cerca. No entanto, em torno dessas plantas, existe uma série de mitos que confundem até mesmo os entusiastas mais experientes.
Um desses mitos comuns é que as orquídeas são plantas extremamente frágeis e difíceis de cuidar, exigindo atenção constante. Embora seja verdade que elas possuem necessidades específicas, é incorreto afirmar que sejam impossíveis de cultivar. Na verdade, com os cuidados certos e algumas adaptações, elas podem prosperar tanto em ambientes naturais quanto em residências comuns.
Outro mito amplamente difundido é a ideia de que as orquídeas não devem ser regadas com frequência. Há quem diga que elas sobrevivem com pouquíssima água, o que pode levar a cuidados inadequados. A verdade é que, assim como qualquer outra planta, elas precisam de água para se manterem saudáveis, mas o segredo está em não encharcar suas raízes. O substrato onde estão plantadas deve estar úmido, mas bem drenado. Muitas vezes, o erro não está na quantidade de água, mas na falta de ventilação, que pode fazer com que as raízes apodreçam se estiverem constantemente molhadas.
O uso de gelo para regar orquídeas é um hábito que muitos adotaram, acreditando ser uma forma eficiente de hidratação. Esse é outro mito que precisa ser desmistificado. Embora o gelo forneça água de maneira gradual, ele não imita as condições naturais em que as orquídeas crescem. Nos trópicos, onde muitas espécies de orquídeas se desenvolvem, a água disponível para essas plantas não é fria, e a temperatura baixa do gelo pode até prejudicar o desenvolvimento das raízes. O ideal é utilizar água em temperatura ambiente e garantir que a rega seja feita de forma cuidadosa.
A luz é outro aspecto cercado de mal-entendidos. Há quem acredite que as orquídeas preferem ambientes completamente sombreados e, por isso, as mantêm longe de qualquer fonte de luz direta. No entanto, a realidade é que essas plantas precisam de uma boa quantidade de luz indireta para florescerem. O truque é garantir que a luz seja filtrada, sem exposição direta ao sol forte, que pode queimar suas folhas. Em condições naturais, muitas orquídeas crescem em florestas tropicais, onde recebem luz difusa pelas copas das árvores.
Outro mito que costuma gerar dúvidas é a necessidade de fertilizantes. Muitos acham que as orquídeas não precisam ser alimentadas, ou que o uso de adubos pode ser prejudicial. Na verdade, essas plantas, assim como qualquer outra, se beneficiam de nutrientes adequados para o seu crescimento. O uso de fertilizantes específicos para orquídeas, na quantidade certa, pode fazer uma grande diferença no ciclo de floração e no vigor da planta. Porém, o excesso de fertilizante pode causar mais mal do que bem, sendo necessário seguir as recomendações de especialistas.
Quando se fala em substrato, também surgem muitos equívocos. Muita gente acredita que as orquídeas devem ser plantadas em solo comum, o que é um erro grave. A maioria das orquídeas é epífita, ou seja, elas crescem sobre outras plantas, como árvores, e não no solo. O substrato ideal para elas deve imitar essas condições, sendo composto por materiais como cascas de árvores, carvão vegetal e fibra de coco. Esses componentes garantem uma boa drenagem e permitem que as raízes respirem, algo essencial para o desenvolvimento saudável das orquídeas.
Outro equívoco bastante comum é a crença de que as orquídeas só florescem uma vez e depois morrem. Essa ideia desanima muitas pessoas que não entendem o ciclo natural dessas plantas. A verdade é que as orquídeas podem florescer diversas vezes ao longo de sua vida, desde que recebam os cuidados adequados. Após o período de floração, a planta entra em um estado de dormência, onde concentra sua energia para florescer novamente. É nesse momento que muitos pensam que a planta está morrendo, mas, na realidade, ela está apenas se preparando para um novo ciclo.
Um ponto intrigante é a ideia de que todas as orquídeas têm aroma forte e perfumado. Isso não é totalmente verdadeiro. Algumas espécies, de fato, possuem um perfume inebriante, mas outras podem ser totalmente inodoras ou até emitir odores desagradáveis para atrair polinizadores específicos. É importante entender que a diversidade das orquídeas é enorme, com mais de 25 mil espécies catalogadas, e cada uma tem suas características únicas.
Há também quem acredite que as orquídeas são plantas que precisam ser mantidas isoladas, longe de outras plantas. No entanto, muitas orquídeas podem coexistir pacificamente com outras espécies, e algumas até se beneficiam de um ambiente mais natural, onde são cercadas por outras plantas. O que deve ser observado é que elas não gostam de competir por luz e espaço, então o planejamento adequado é necessário para garantir que todas as plantas tenham espaço suficiente para crescer.
Outro mito que circula é a ideia de que orquídeas só podem ser cultivadas em grandes espaços, como jardins ou estufas. Na verdade, essas plantas se adaptam muito bem a pequenos ambientes, como apartamentos e varandas, desde que recebam as condições adequadas de luz, ventilação e umidade. Com os cuidados certos, é possível cultivar orquídeas até mesmo em pequenos vasos dentro de casa, transformando qualquer espaço em um refúgio natural.
Um mito curioso e bastante disseminado é o de que as orquídeas trazem azar ou má sorte. Algumas culturas associam essas flores a simbolismos negativos, mas na maioria das tradições, elas representam beleza, elegância e prosperidade. Cultivar orquídeas pode ser uma experiência gratificante e cheia de significado, sem qualquer risco de atrair energias negativas. Na verdade, elas podem trazer um toque de sofisticação e tranquilidade para qualquer ambiente.
ORQUÍDEAS NÃO GOSTAM DE ÁGUA
As orquídeas são plantas tropicais e, de modo geral, vivem em regiões com elevados níveis de umidade no ar. Assim, na natureza, as orquídeas estão constantemente expostas às chuvas e ao orvalho da madrugada. Apesar disso, suas raízes secam rapidamente por ficarem expostas nos troncos das árvores aos quais aderem.
Entretanto, quando cultivadas, muitas orquídeas acabam morrendo por excesso de água. A explicação para este aparente paradoxo é que, no vaso, diferentemente do que ocorre na natureza, as raízes ficam encharcadas por muito tempo, o que favorece o aparecimento de doenças ocasionadas por fungos e bactérias. Daí o mito de que não se deve colocar muita água no vaso. Alguns, inclusive, recomendam regar as orquídeas com apenas um copo de água ou algumas pedras de gelo.
Embora estas quantidades diminutas de água, em tese, sejam suficientes, elas podem escorrer muito rapidamente pelos veios do substrato (material específico para o cultivo de orquídeas) fazendo com que ele continue praticamente seco, mesmo após a rega.
Para contornar este problema, o certo é que as orquídeas sejam abundantemente regadas com água corrente, seja de uma mangueira ou regador, seja da torneira da pia. Desta forma, o substrato consegue absorver a quantidade necessária de água, ao mesmo tempo em que as impurezas e o excesso de adubo são eliminados por baixo do vaso.
ORQUÍDEAS SÓ PODEM SER REGADAS UMA VEZ PODE SEMANA
Não podemos estabelecer uma regra fixa para a frequência das regas de orquídeas. Tudo vai depender das condições climáticas. No verão, é necessário regar com mais frequência, diminuindo a periodicidade durante o inverno. Ainda é preciso ficar atento à evaporação causada não somente pelo excesso de sol como também pelas correntes de vento.
A melhor maneira de se saber o momento ideal para regar é colocar o dedo no substrato e afundá-lo levemente. Se o substrato estiver úmido, não é preciso regar, se estiver seco, a rega é bem-vinda. Com o tempo e a experiência, é possível aferir a umidade do substrato pelo simples peso do vaso, se ele está leve, e, portanto seco, é hora de regar. Sob condições ideais de insolação, umidade ambiente e ventilação, espera-se que o substrato seque dentro de uma semana, aproximadamente. Logicamente, este período será menor no calor e maior no frio.
NÃO SE PODE REGAR AS ORQUÍDEAS SOB O SOL
É sempre aconselhável evitar regar as orquídeas nas horas mais quentes do dia. As gotas de água sobre as folhas atuam como pequenas lentes que aumentam a intensidade dos raios solares, podendo queimar a planta. Além disso, o choque térmico causado pela água fria sobre as folhas quentes também pode causar lesões.
Os melhores momentos para a rega são o começo da manhã e o final da tarde. Não é bom que as orquídeas passem a noite molhadas. Portanto, nos dias mais frios, o ideal é que se regue no começo da manhã, para que elas tenham tempo de secar ao longo do dia. Durante os dias muito quentes do verão, em locais que recebem muito vento, vale borrifar água sobre as plantas de manhã e no final da tarde.
NÃO SE PODE COLOCAR PRATINHO EM BAIXO DO VASO
Esta não é uma regra rígida. É verdade que, se mantivermos o pratinho cheio de água, as raízes das orquídeas apodrecerão. No entanto, se tomarmos o cuidado de escoar a água e manter o tal pratinho sempre seco, não há problema.
Dentro de casa ou em ambientes muito secos, onde venta muito, podemos usar o pratinho com água a nosso favor. Basta colocar uma camada de pedrisco, brita ou argila expandida, com uma lâmina de água ao fundo. Desta forma, o fundo do vaso não tocará diretamente a água e, ao mesmo tempo, a evaporação da lâmina de água ajudará na manutenção da umidade.
NÃO SE PODE MOLHAR AS FLORES
Deve-se evitar molhar as flores e os botões florais. O excesso de umidade nestas estruturas facilita o desenvolvimento de um fungo que, apesar de não gerar maiores danos à orquídea, causa manchas marrons nas pétalas, comprometendo a sua beleza. Também se deve evitar aplicar água com adubos ou defensivos sobre as flores e botões. Estas substâncias podem prejudicar seu desenvolvimento, além de causar danos em sua aparência.
Esperamos que estas observações tenham ajudado e, por favor, não deixem de escrever caso queiram que algum outro ponto específico relativo ao cultivo das orquídeas – ou quaisquer outras flores – seja abordado neste espaço.
Esses mitos, muitas vezes, afastam as pessoas da oportunidade de descobrir o prazer de cuidar de uma orquídea. No entanto, ao desvendar essas verdades, podemos apreciar ainda mais a incrível diversidade e a beleza dessas plantas, que, com o devido cuidado, podem florescer e encher de vida qualquer espaço.