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Como a SARDINHA enlatada é produzida/ Processo de produção da sardinha enlatada.

Em meio à correria do dia a dia, é curioso como pequenos detalhes da nossa rotina passam despercebidos, não é? Por exemplo, já parou para pensar na jornada que um simples alimento como a sardinha enlatada percorre antes de chegar à sua mesa?

Em tempos onde tudo parece tão imediato, esquecemos que há um processo minucioso e complexo por trás de cada lata que compramos no supermercado. E, mais do que isso, cada etapa desse processo tem sua importância, desde a captura das sardinhas no oceano até o momento em que você abre a lata para saborear um peixe que já percorreu milhares de quilômetros. Hoje, vamos desvendar todos os segredos por trás da produção da sardinha enlatada, e tenho certeza de que, ao final, você olhará para esse alimento tão comum com novos olhos.

A história da sardinha enlatada é fascinante e remonta ao início do século XIX, quando um empresário francês, Nicolas Appert, desenvolveu uma técnica revolucionária de conservação de alimentos. Antes dele, a ideia de preservar alimentos por longos períodos era um verdadeiro desafio. Appert conseguiu, ao selar alimentos em latas de aço hermeticamente fechadas e cozinhá-los dentro dessas latas, criar um processo que não só mantinha o alimento fresco, como também seguro para consumo por um período muito maior. Esse método foi aprimorado e, em 1810, Peter Durand patenteou a primeira lata de conserva, marcando o início de uma nova era na indústria alimentícia. Esse avanço permitiu que alimentos como a sardinha, que antes eram consumidos apenas frescos e em regiões específicas, pudessem ser apreciados em qualquer lugar do mundo, a qualquer momento.

A jornada das sardinhas começa em alto-mar, onde esses peixes são capturados em grandes quantidades. A sardinha é um peixe de água salgada encontrado em várias partes do mundo, mas é nas águas costeiras do Atlântico, especialmente nas regiões de Portugal, Espanha e Marrocos, que a pesca da sardinha é uma atividade tradicional e essencial para a economia local. A pesca, no entanto, não é uma tarefa simples. É preciso capturar as sardinhas no momento certo, garantindo que estejam frescas e em condições ideais para o processo que virá a seguir. Em geral, as sardinhas são capturadas com o uso de redes de arrasto ou redes de espera, métodos que permitem que grandes quantidades de peixe sejam capturadas de uma só vez, facilitando o abastecimento das fábricas de processamento.

Depois de capturadas, as sardinhas são rapidamente transportadas para as fábricas, onde começa o processo industrial de preparação. A primeira etapa é a limpeza, um passo essencial para garantir a qualidade final do produto. As sardinhas são lavadas em água corrente, removendo qualquer sujeira, areia ou outros resíduos que possam ter se acumulado durante a pesca. É um processo minucioso, muitas vezes realizado manualmente para garantir que cada peixe seja tratado com o devido cuidado. Qualquer falha nesta etapa pode comprometer o sabor e a segurança do produto final, por isso a atenção aos detalhes é crucial.

Com as sardinhas limpas, o próximo passo é o cozimento. As sardinhas são colocadas em grandes caldeiras, onde são cozidas em água salgada por cerca de 30 minutos. Esse processo não só ajuda a amaciar o peixe, como também intensifica seu sabor, criando aquele gosto característico que todos conhecemos. Após o cozimento, as sardinhas são deixadas em repouso em tanques de água fria e salgada, um processo que ajuda a firmar a carne do peixe e a prepará-la para a etapa seguinte: a enlatagem.

A enlatagem é talvez a etapa mais conhecida do processo, mas poucos sabem como ela realmente funciona. As sardinhas são cuidadosamente colocadas em latas, que são então preenchidas com óleo ou molho de tomate, dependendo da receita. É importante que o líquido preencha toda a lata, garantindo que não haja espaços vazios, o que poderia comprometer a conservação do produto. Com as latas preenchidas, elas são então fechadas hermeticamente e esterilizadas em autoclaves. Esse equipamento usa vapor de alta pressão para eliminar qualquer micro-organismo que possa estar presente, garantindo que as sardinhas permaneçam seguras para consumo por muito tempo.

A esterilização é um processo crítico, mas não é o único fator que garante a qualidade das sardinhas enlatadas. Após a esterilização, as latas são rotuladas com todas as informações necessárias, como o nome da marca, o tipo de sardinha, a data de validade e as informações nutricionais. Esses dados são essenciais não só para a comercialização do produto, mas também para informar os consumidores sobre o que estão comprando. O rótulo é a ponte entre o produtor e o consumidor, e seu design e conteúdo são pensados para transmitir confiança e segurança.

Uma vez rotuladas, as latas são embaladas em caixas de papelão, prontas para serem distribuídas. Mas o caminho das sardinhas não acaba aqui. Elas ainda precisam ser transportadas para os distribuidores, que se encarregam de levar o produto até os supermercados e outros pontos de venda. Essa logística é complexa, especialmente quando consideramos que as sardinhas enlatadas são consumidas em todo o mundo. Cada lata percorre um longo caminho até chegar à prateleira do supermercado, onde finalmente estará ao alcance dos consumidores.

A empresa Ramires, uma das mais tradicionais no ramo, empacota anualmente cerca de 60 milhões de latas de peixe, incluindo sardinhas. No passado, Portugal contava com mais de 400 frigoríficos dedicados à embalagem de sardinhas ao longo de sua costa. Hoje, esse número caiu para cerca de 20 a 25 empresas, o que mostra como o mercado mudou ao longo dos anos. A pesca e a produção de sardinhas enfrentam desafios crescentes, como a queda nas populações de sardinhas devido ao aquecimento das temperaturas oceânicas, que reduziram as capturas em mais de 80%. Em resposta, reguladores impuseram restrições à pesca, especialmente durante a temporada de desova, o que tem impactado diretamente na disponibilidade e nos preços das sardinhas enlatadas.

No entanto, a indústria não parou por aí. Para contornar as limitações impostas pela natureza, empresas como a Ramires adotaram novas técnicas, como o congelamento das sardinhas. O peixe é primeiro colocado em uma salmoura por 30 minutos, e depois levado a um congelador mantido a cerca de -18 graus Celsius. As sardinhas podem permanecer congeladas por até seis meses, sem perder significativamente sua qualidade, devido à sua alta concentração de gordura. Esse método permite que a produção continue durante todo o ano, garantindo que as sardinhas enlatadas estejam disponíveis mesmo quando a pesca é proibida.

O processo de descongelamento é feito cuidadosamente para preservar a qualidade do peixe. As sardinhas são retiradas do congelador e deixadas para descongelar durante a noite, antes de passarem pelas mesmas máquinas que processam o peixe fresco. As cabeças são removidas, as caudas são cortadas, e as sardinhas seguem para o enlatamento, onde continuarão seu ciclo até chegarem ao consumidor final. O processo é rigoroso, cada etapa planejada para manter o padrão de qualidade que os consumidores esperam ao comprar uma lata de sardinhas.

No final das contas, a sardinha enlatada é muito mais do que apenas um peixe em uma lata. É o resultado de um processo complexo, que envolve ciência, tradição e muita dedicação. Da pesca no oceano à prateleira do supermercado, cada etapa é cuidadosamente monitorada para garantir que você, ao abrir uma lata, esteja recebendo um produto de alta qualidade, rico em sabor e nutrientes. Então, da próxima vez que você apreciar uma sardinha enlatada, lembre-se de todo o trabalho e o cuidado que tornaram possível esse simples, mas saboroso, prazer.

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